A Câmara de Vereadores de Canguçu faz nesta terça-feira (11) as oitivas de dez testemunhas de defesa dentro do processo que pode levar à cassação do vereador Francisco Vilela (PP), indiciado por injúria racial após falas de teor racista e sexista terem vazado pelo sistema de som do Legislativo no dia 5 de junho. Vilela está com atestado médico desde esta segunda e deverá ser ouvido somente na próxima semana.
Além do processo de cassação, o caso também tramita na Justiça. Um inquérito da Polícia Civil pede o indiciamento de Vilela pelo crime de injúria racial. Durante o intervalo da sessão ordinária no mês passado, acreditando estar com o microfone fechado, Vilela se dirige ao vereador Ubiratan Rodrigues (PP) e é possível ouvi-lo dizendo "negrinha p***, p*** que é um raio, a filha do Zeca", se referindo à servidora Eliane Rusch, que acompanhava a sessão. A fala não foi notada imediatamente, mas ficou registrada no vídeo da sessão transmitido ao vivo.
O trecho ganhou repercussão nas redes sociais e gerou reação imediata do movimento negro. Em uma sessão na semana seguinte, o vereador se justificou, dizendo que não se referia à servidora, e sim a um vídeo pornográfico que estaria comentando com o colega.
Tentativa de represália contra presidente da Comissão
A comissão processante que avalia o pedido de cassação é presidida por Iasmin Roloff (PT), única mulher da Câmara de Canguçu e que desde o começo do caso tem adotado postura crítica às falas de Vilela. O posicionamento da parlamentar contra o racismo, inclusive, fez com que ela se tornasse alvo de um pedido de cassação e de suspeição movidos por Vilela.
No pedido de cassação contra Iasmin, o progressista afirma que a vereadora teria quebrado o decoro parlamentar e criado uma "narrativa absurda e caluniosa" contra ele. No documento de 13 páginas, Vilela cita publicações de Iasmin sobre o caso nas redes sociais e a acusa de calúnia, difamação e de desrespeitá-lo como idoso. O pedido de abertura de processo de cassação contra Iasmin foi lido na sessão da noite de ontem e rejeitado por unanimidade pelos vereadores presentes.
A reportagem entrou em contato com o escritório de Conrado Bento Neto, advogado que defende Vilela e que disse que não iria se manifestar. O DP também tentou contato com Vilela por telefone, mas não foi atendido.
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